BOTÕES

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Ariano Suassuna: presente! Homenagem a um dos maiores professores que o Brasil já teve

Por José Geraldo de Santana Oliveira*

Pois é, desde o dia 23 de julho de 2014 não é mais possível ver-se o rosto de Ariano Suassuana, pois que alguém o tirou do corpo. Este alguém foi a malvada “Caetana”, de quem ele, com sofreguidão, esquivou-se a vida toda; e por quem ele nutria inimizade profunda e irreconciliável, desde sempre, como declarara já em 1959 por meio de seu personagem “Vicentão”, da soberba peça “A Pena e a Lei”, que dizia ser a morte uma esculhambação.



“Não ha palavras nem rostos:
eu mesma não me estou vendo.
Alguém me tirou do corpo,
fez-me nome, unicamente.”

Estes emblemáticos e instigantes versos são da poetisa Cecília Meireles, retirados de seu magistral poema “Passeio”. Mas que podem perfeitamente ser aplicados àqueles que, como ela, já se tornaram encantados – parafraseando Guimarães Rosa; o que é o caso de Ariano Suassuana.

Pois é, desde o dia 23 de julho de 2014 não é mais possível ver-se o rosto de Ariano Suassuana, pois que alguém o tirou do corpo. Este alguém foi a malvada “Caetana”, de quem ele, com sofreguidão, esquivou-se a vida toda; e por quem ele nutria inimizade profunda e irreconciliável, desde sempre, como declarara já em 1959 por meio de seu personagem “Vicentão”, da soberba peça “A Pena e a Lei”, que dizia ser a morte uma esculhambação.

Porém, se é verdade que não há mais o rosto de Ariano Suassuna, visível aos olhos de todos, é muito mais verdadeiro que as palavras por ele lapidadas em seus bem vividos 87 anos e o seu nome estão vivos e assim estarão, com absoluta certeza, por todo o sempre. Isto porque Ariano Suassuna é imortal, não apenas porque era membro da Academia Brasileira de Letras, mas, principalmente, pelo infinito amor que dedicou ao ser humano e a sua sublime criação cultural.

Ariano Suassuna soube, como poucos, valorizar todas as manifestações culturais, do povo brasileiro, a quem ele amava acima de tudo; o que é facilmente constatado pelas suas múltiplas vozes, na prosa, no teatro, no cordel, na cátedra, e em cada gesto que fazia e em cada palavra que dizia.

O poeta Castro Alves, em seu fenomenal poema “O Livro e a América”, diz, na última estrofe, que “Se a luz rola na terra, Deus colhe gênios no céu”.

Como a vida física de Ariano Suassuna foi plenamente iluminada de saber, de alegria, de simpatia, de empatia e, sobretudo, de amor pelo ser humano, pode-se afirmar, parafraseando o poeta Castro Alves, que o céu acaba de colher um gênio de primeira grandeza.

Ariano Suassuna há muito, e sem nenhum favor, ocupa o panteão da grandeza brasileira, sendo um de seus mais ilustrados filhos; e, indiscutivelmente, sê-lo-á pelos séculos sem fim. E mais: apesar de se não ser mais, fisicamente, visível, jamais estará ausente da vida do Brasil e de seus filhos.

Vivas ao cidadão Ariano Suassuna.


*José Geraldo de Santana Oliveira é consultor jurídico da Contee

Nenhum comentário:

Postar um comentário